segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

CENTRO PORTUGUÊS DE SANTOS





No Brasil, seu estilo neomanoelino só encontra um similar no Rio e outro em Recife. Caracteriza-se por portas e janelas em arcos redondos, entre colunas esguias em forma de troncos. Estas têm como ornamentos cruzes de Malta e escudos reais, ao lado de motivos náuticos como cordas, estrelas e esferas armilares, que são instrumentos com anéis metálicos, representando círculos da esfera celeste. Alusões às navegações portuguesas reaparecem no escrínio sobre a mesa do Salão Cardeal Cerejeira. Desde 1947, esse pequeno cofre com tampo de vidro guarda pedras do Promontório de Sagres, onde D. Henrique fundou sua escola de estudos náuticos, além de terra extraída do Castelo de Guimarães - berço da nacionalidade portuguesa. Abriga ainda um exemplar de 'Os Lusíadas', obra épica dos argonautas lusitanos. Internamente, portas com desenhos jateados nos vidros, importados de Portugal, abrem-se para o Salão Camoniano. Os sete painéis a óleo do teto, emoldurados por entalhes de madeira e pintados pelo espanhol Antonio Fernandez, representam episódios de 'Os Lusíadas'.
Coube a outro espanhol, João Bernils, a execução das pinturas das paredes, que imitam tecido adamascado, e os adornos com medalhões de nobreza e armas de cidades e vilas de Portugal. Entre mesas e cadeiras da diretoria, destaque para a poltrona que serviria de trono ao Rei D. Carlos I, em visita que faria ao Brasil e que acabou não acontecendo porque o monarca foi assassinado. A peça tem estilo imperial e, em 1994, participou da exposição em Portugal sobre os 500 anos do descobrimento. A criação do Centro Português está ligada à agitação da fase de consolidação da república. Sem representação diplomática nem consular, a colônia portuguesa começou a sofrer represálias.
Em 1º de dezembro de 1895, no antigo Teatro Guarani, deu-se a fundação solene. A primeira sede foi na Praça da República e a atual foi inaugurada em 1º de dezembro de 1913. Em 1985, ela recebeu salão de 800 m2, onde se realizam festas tradicionais portuguesas e atividades culturais.
Entrada do Salão Camoniano.
Salão Camoniano.


Salão Camoniano.


Salão Cerejeira é usado como sala de reuniões


Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões, com dedicatória a Dom Pedro II pelo editor Emílio Biel. Tipografia Giesecke e Devrient, Leipzing, 1880, guardado em caixa de metal com as insígnias do Real Centro Português de Santos.


O escrínio, pequeno cofre de aço com as relíquias: pedras do Promontório de Sagres, onde D. Henrique fundou sua escola de estudos náuticos, além de terra extraída do Castelo de Guimarães berço da nacionalidade portuguesa.




LocalRua Amador Bueno nº 188

Tel. 3219-3079Funciona de segunda a sexta, das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00

domingo, 7 de dezembro de 2008

Teatro Guarany


O Teatro Guarany é um dos locais de maior relevância na história da cidade de Santos. Essa relevância se inicia por volta de 1876, quando um grupo formado por pessoas da sociedade santista fundou a Associação Theatro Guarany, que reivindicava a construção de uma nova casa de espetáculo, que iria substituir o antigo armazém, situado no Largo da Misericórdia (atual Praça Mauá), que abrigava os eventos do município, mas não possuía condições de higiene e segurança adequadas, causando constantes protestos dos freqüentadores. No dia 6 de junho de 1880, a Associação Theatro Gaurany abriu inscrições para o concurso que escolheria o projeto arquitetônico para construção do teatro. Dentre os inscritos, o vencedor foi o engenheiro carioca Manuel Ferreira Garcia Redondo, com um projeto de inspiração neoclássica. A execução ficou a cargo da serraria e carpintaria de Tomaz Antonio de Azevedo, "a única movida a vapor na cidade". Esta oficina reunia o mérito de executar trabalhos em ferro, bronze e madeira com grande maestria. Benedicto Calixto era funcionário da serraria e foi o responsável pela pintura das paredes e do teto, além de um dos panos de boca do palco do teatro. Por esse trabalho, Calixto ganhou renome e a oportunidade de estudar na Europa. Além das pinturas, o Guarany ostentaria a riqueza da gente que investira nele. Os materiais empregados eram de primeira qualidade. As paredes externas foram executadas com alvenaria de pedra, antiga técnica portuguesa. As esquadrias eram de pinho de riga vindo do estrangeiro. As telhas eram genuínas de Marselha, as grades dos camarotes em ferro fundido, trazidos da Casa Hargreaves, na Corte. Em 7 de dezembro de 1882, após atraso de 11 meses na obra por motivos financeiros, o Teatro Guarany, nome dado em homenagem a José de Alencar e Carlos Gomes, abria suas portas com a exibição do drama Mário, extraído do romance Marthe de Kerven, de Eduardo Capendu, adaptado curiosamente pelo autor do projeto, o engenheiro Manuel Ferreira Garcia Redondo. A partir deste momento, o Guarany receberia personalidades do porte de Sarah Bernhardt (1886), Emanuel Giovani (1887), Rejane (1902) e Artur Azevedo (1907). Além de grandes eventos artísticos, o teatro abrigou uma série de atividades, tais como: manifestações abolicionistas, incluindo discursos de José do Patrocínio, palanque para atos republicanos e até cerimônias fúnebres, como no falecimento de Carlos Gomes (1896), quando seu corpo esteve em Santos a caminho de Campinas, e o Guarany abrigou uma sessão "in memoriam" ao grande compositor. Por volta de 1910, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia adquiriu o teatro. Em virtude disso, o imóvel passou por significativa reforma, retomando suas atividades e recebendo expoentes da cultura brasileira, como Olavo Bilac (1917) e Júlio Dantas (1923). Com a inauguração do Teatro Cassino Parque Balneário (1923) e do Coliseu (1924), o Guarany sofreu um duro golpe. Os dois novos prédios renovaram as exigências da burguesia cafeeira, que "trocou" o Guarany pelas duas novas casas. O local serviu de ambulatório na Revolução de 1924. Foi concentração de oposicionistas ao regime de Vargas, na Revolução de 1932. Com o passar do tempo exibiu apenas espetáculos menores, sem grande projeção. Nos anos 1950 sofreu profundas alterações em seu interior, onde foi instalado um cinema, um bar e uma loja comercial, marcando o declínio do espaço. Ficou assim até meados de 1980, quando a Santa Casa quis vender o imóvel. No mesmo ano o Condephaat decidiu pelo tombamento. Em seguida a este anúncio, um incêndio destruiu todo o interior da casa de espetáculos. O imóvel permaneceu abandonado. Somente a partir de 1994, a Santa Casa leiloou o teatro, que foi arrematado por um comerciante pela quantia de U$ 90 mil. Em 2003, a Prefeitura de Santos desapropriou o imóvel e iniciou o processo de compra e recuperação total do Teatro Guarany, a partir do Programa de Revitalização da Região Central Histórica – Alegra Centro, quem tem como objetivo retomar o desenvolvimento socioeconômico do Centro, visando à instalação de empresas na região central. Isso é feito por meio de iniciativas voltadas à diversificação de atividades como o comércio, entretenimento e turismo - possibilitando o fluxo de pessoas e o uso do Centro por 24 horas -, em conjunto com a valorização da paisagem urbana e da recuperação do patrimônio histórico, do qual faz parte o Guarany.