domingo, 7 de dezembro de 2008

Teatro Guarany


O Teatro Guarany é um dos locais de maior relevância na história da cidade de Santos. Essa relevância se inicia por volta de 1876, quando um grupo formado por pessoas da sociedade santista fundou a Associação Theatro Guarany, que reivindicava a construção de uma nova casa de espetáculo, que iria substituir o antigo armazém, situado no Largo da Misericórdia (atual Praça Mauá), que abrigava os eventos do município, mas não possuía condições de higiene e segurança adequadas, causando constantes protestos dos freqüentadores. No dia 6 de junho de 1880, a Associação Theatro Gaurany abriu inscrições para o concurso que escolheria o projeto arquitetônico para construção do teatro. Dentre os inscritos, o vencedor foi o engenheiro carioca Manuel Ferreira Garcia Redondo, com um projeto de inspiração neoclássica. A execução ficou a cargo da serraria e carpintaria de Tomaz Antonio de Azevedo, "a única movida a vapor na cidade". Esta oficina reunia o mérito de executar trabalhos em ferro, bronze e madeira com grande maestria. Benedicto Calixto era funcionário da serraria e foi o responsável pela pintura das paredes e do teto, além de um dos panos de boca do palco do teatro. Por esse trabalho, Calixto ganhou renome e a oportunidade de estudar na Europa. Além das pinturas, o Guarany ostentaria a riqueza da gente que investira nele. Os materiais empregados eram de primeira qualidade. As paredes externas foram executadas com alvenaria de pedra, antiga técnica portuguesa. As esquadrias eram de pinho de riga vindo do estrangeiro. As telhas eram genuínas de Marselha, as grades dos camarotes em ferro fundido, trazidos da Casa Hargreaves, na Corte. Em 7 de dezembro de 1882, após atraso de 11 meses na obra por motivos financeiros, o Teatro Guarany, nome dado em homenagem a José de Alencar e Carlos Gomes, abria suas portas com a exibição do drama Mário, extraído do romance Marthe de Kerven, de Eduardo Capendu, adaptado curiosamente pelo autor do projeto, o engenheiro Manuel Ferreira Garcia Redondo. A partir deste momento, o Guarany receberia personalidades do porte de Sarah Bernhardt (1886), Emanuel Giovani (1887), Rejane (1902) e Artur Azevedo (1907). Além de grandes eventos artísticos, o teatro abrigou uma série de atividades, tais como: manifestações abolicionistas, incluindo discursos de José do Patrocínio, palanque para atos republicanos e até cerimônias fúnebres, como no falecimento de Carlos Gomes (1896), quando seu corpo esteve em Santos a caminho de Campinas, e o Guarany abrigou uma sessão "in memoriam" ao grande compositor. Por volta de 1910, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia adquiriu o teatro. Em virtude disso, o imóvel passou por significativa reforma, retomando suas atividades e recebendo expoentes da cultura brasileira, como Olavo Bilac (1917) e Júlio Dantas (1923). Com a inauguração do Teatro Cassino Parque Balneário (1923) e do Coliseu (1924), o Guarany sofreu um duro golpe. Os dois novos prédios renovaram as exigências da burguesia cafeeira, que "trocou" o Guarany pelas duas novas casas. O local serviu de ambulatório na Revolução de 1924. Foi concentração de oposicionistas ao regime de Vargas, na Revolução de 1932. Com o passar do tempo exibiu apenas espetáculos menores, sem grande projeção. Nos anos 1950 sofreu profundas alterações em seu interior, onde foi instalado um cinema, um bar e uma loja comercial, marcando o declínio do espaço. Ficou assim até meados de 1980, quando a Santa Casa quis vender o imóvel. No mesmo ano o Condephaat decidiu pelo tombamento. Em seguida a este anúncio, um incêndio destruiu todo o interior da casa de espetáculos. O imóvel permaneceu abandonado. Somente a partir de 1994, a Santa Casa leiloou o teatro, que foi arrematado por um comerciante pela quantia de U$ 90 mil. Em 2003, a Prefeitura de Santos desapropriou o imóvel e iniciou o processo de compra e recuperação total do Teatro Guarany, a partir do Programa de Revitalização da Região Central Histórica – Alegra Centro, quem tem como objetivo retomar o desenvolvimento socioeconômico do Centro, visando à instalação de empresas na região central. Isso é feito por meio de iniciativas voltadas à diversificação de atividades como o comércio, entretenimento e turismo - possibilitando o fluxo de pessoas e o uso do Centro por 24 horas -, em conjunto com a valorização da paisagem urbana e da recuperação do patrimônio histórico, do qual faz parte o Guarany.

Um comentário:

Unknown disse...

B tarde!Temos algo em comum, veja: http://www.dicasdesantos.com.br!Parabéns pelo espaço e sucesso.Néia Costa