sexta-feira, 5 de setembro de 2008

LENDA DO FANTASMA DO CEMITÉRIO DO PAQUETÁ - SANTOS


Foi uma história que ocupou muito a população de Santos entre o final do século retrasado e início do passado, assim contou em 1966 dona Elvira Lopez (falecida em 1970 aos 87 anos), espanhola que já morava no Brasil desde criança no final do século XIX, na Rua Dr. Cocrane, 179.
Sua explicação foi confirmada pelo Sr. Clovis Benedito de Almeida (nascido em Santos em 1934), que também escutou atentamente as histórias de sua avó, dona Maria do Rosário (falecida em 1956, aos 86 anos).
Segundo os dois depoimentos, ocorreu que uma certa Maria, apelidada "a Maracajá", que era uma beata, teve um envolvimento com um religioso da Matriz Velha, pois sua residência era também para os lados da antiga matriz. Dessa relação proibida nasceu uma criança, que veio a falecer logo depois, devido ao alto índice de mortalidade infantil, tão comum naquele final de século XIX.
Por vergonha, foi a criança enterrada de forma bem discreta, mas a sociedade condenou a pobre Maria e, todas as noites, ela surgia na esquina da Rua São Francisco de Paula, com seu vestido (próprio da época) com um véu semelhante à Verônica de Semana Santa.
Seguia pelo gradil do cemitério da Rua Dr. Cócrane e se dirigia até o portão principal, onde se ajoelhava, levantava o véu, enxugava suas lágrimas e acenava para dentro, em direção da capela onde, à direita de quem olha, está a quadra infantil. Muitas vezes, era obrigada a abrir o grande portão trabalhado e encimado por uma cruz, pois não havia velório na capela. Acabando a sua manifestação de dor, retirava-se para a Rua Bittencourt e ali desaparecia rapidamente.
Não podemos esquecer que a iluminação pública era feita pelos famosos lampiões de gás, muito distantes um do outro e da frente do grande Largo do Paquetá. Também era comum a população se recolher cedo, para acordar às 5 horas da manhã, num costume bem rural que persistia na cidade grande, auxiliado pelo frio dos meses de julho, que seria mais forte devido à alta concentração de plantas nos jardins e quintais das casas da época. Assim, no largo hoje desaparecido, tudo favorecia à aura de sobrenatural da cena.
Foi em 26 de julho de 1900 que ocorreu a última aparição, o que se explica porque a moça adoeceu e faleceu. Ainda surgiriam, mais tarde, pessoas que afirmariam ter visto a mesma cena se repetir até os idos da década de 1920, mesmo com a iluminação elétrica, mas a recordação da violenta repressão da polícia fazia com que o fantasma se apresentasse em paz, em seu estranho ritual.
A mesma figura está pintada em um quadro que se encontra na administração do cemitério. Esse cemitério, como todos os outros, tem mais histórias de fantasmas, como a da noiva que passeava por suas alamedas durante a noite com seu vestido branco (explicando o povo que seu noivo havia falecido alguns dias antes do casamento), ou a meretriz que chamava os boêmios para dentro do cemitério oferecendo seus serviços, sendo comum que quando o sol surgia os mesmos acordassem e se encontrassem deitados em cima de um túmulo, e seu paletó ou casaco delicadamente colocado sobre a lápide.
Todas essas histórias populares refletem bem o imaginário popular, pois só existirão histórias de fantasmas e lendas onde existirem seres humanos bem vivos.
(História e mais detalhes no site:http://www.novomilenio.inf.br/
*********************************
Teatralização da história do fantasma do paquetá.

2 comentários:

Anônimo disse...

não sei porque ouve discriminação coitada da maria ninguem pensa se fosse voce que estivesse passando por isso não irria gostar de enterar o próprio filho e ainda ser discriminado pela sociedade pra mim todos que ja reclamarão dela ou ja ofenderãoa verbalmente devião ir na tumba dela e do filho dela e não pedir emplorar desculpas

Anônimo disse...

Anônimo, era algo próprio da época, a mulher não tinha tanto espaço na sociedade (eu acho) e isso que ela fez (ser mãe solteira) era considerado algo muito errado, havia certo preconceito na época.